sexta-feira, 26 de agosto de 2011

7º Ano - Neologismo e Trocadilho (Paranomásia)


7º ANO – ASSUNTO: NEOLOGISMO E TROCADILHO
O Dicionário de Linguística, Jean Dubois et al., define NEOLOGISMO do seguinte modo:
“Chama-se neologismo toda palavra de criação recente ou emprestada há pouco de outra língua ou toda acepção nova de uma palavra já antiga”. (Dubois et al, pág. 431)[1]
Desse modo, temos que é pelo neologismo que criamos novas palavras ou atribuímos novos significados para as palavras já existentes.
NEOLOGISMOS E GÍRIAS[2]
A língua está sempre se modificando: palavras novas, das mais diversas origens, são incorporadas ao idioma e logo absorvidas pelos falantes, que passam a utilizá-las no seu processo diário de comunicação. Simultaneamente, o avanço tecnológico, os modismos, as invenções exigem a criação de novas palavras. Às vezes, palavras antigas podem ganhar uma nova significação, um novo sentido. Surgem, assim, os neologismos.
Os neologismos podem ser criados a partir de palavras da própria língua do país (como as palavras "presidenciável" e "carreata", por exemplo) ou a partir de palavras estrangeiras ( "roqueiro" e "deletar", por exemplo).
No processo de criação de palavras novas, merecem destaque as gírias, que surgem num determinado grupo social e, por sua expressividade, acabam sendo incorporadas à linguagem coloquial de outras camadas sociais.
A gíria é um fenômeno de linguagem especial que consiste no uso de uma palavra não convencional para designar outras palavras formais da língua. Pode ser empregada no intuito de fazer segredo, humor ou distinguir o grupo que a adota dos demais, muitas vezes  criando um jargão próprio. Assim,  como uma expressão idiomática, é uma palavra que se caracteriza por não permitir a identificação do seu significado através de seu sentido literal. Por essa razão, também não é possível traduzi-la para outra língua de modo literal. As gírias geralmente se originam de acordo com a cultura e peculiaridades de cada região.
É importante observar  que a gíria é uma linguagem de uso passageiro: ao entrar em desuso,  a mensagem pode se tornar incompreensível. Portanto, ao escrevermos um texto informativo, devemos evitá-las. As gírias podem comprometer a clareza, bem como a permanência do texto escrito, gerando complicações. 
Aqui vão alguns exemplos:
Gíria
Explicação


13 ou 22
Cara louco, doido, maluco.






38 (lê-se: trinta-e-oito ou três-oitão)
Arma de fogo bastante comum no Brasil, principalmente de forma ilegal.


171 (lê-se um-sete-um)
Estelionatário. Refere-se ao artigo do CPB número 171, que versa sobre estelionato.


Abraçar jacaré
Dar-se mal, encontrar-se em situação controversa.


Alcaguete ou Alcagueta
Pessoa dedo-duro, delatora.


Animal
Muito legal, radical.
               





PARANOMÁSIA OU TROCADILHO [3] [4]
A Paranomásia (ou paronomásia) é uma figura estilística que consiste no emprego de palavras parônimas (com sonoridade semelhante) numa mesma frase, fenômeno que é popularmente conhecido como trocadilho. Os trocadilhos constituem um dos recursos retóricos mais utilizados em discursos humorísticos e publicitário. Resulta sempre da semelhança fonética ou sintática de dois enunciados cuja conjunção, comparação ou subentendido cria um efeito inesperado, intencional ou não, aproveitando a sonoridade similar e o efeito de surpresa sobre o ouvinte ou o leitor da junção de significados díspares num mesmo contexto. Os trocadilhos mais frequentes são cacofonias em que uma determinada palavra é pronunciada de forma a parecer outra, geralmente com intenção humorística, maliciosa, obscena e/ou grosseira.
O trocadilho resulta de uma semelhança formal entre dois enunciados, por vezes, um deles elíptico, semelhança que pode chegar à identidade. Alguns trocadilhos relacionam uma paráfrase com seu parafraseado. Os trocadilhos elípticos não deixam de ser um tipo de ambigüidade intencional.  O trocadilho pode ser intencional ou acidental, como ocorre na cacofonia.
Tipos de trocadilho
Fonológicos
  • Alterações nas pausas. Resultam da alteração na colocação das pausas. Exemplos: Dever/ de ver, Lavrador/lavra dor,. Por cada/ porcada.
  • Entre homófonos. Exemplo: Sem conserto do piano, não há concerto.
  • Entre parônimos. Exemplo: Os integralistas diziam: Deus, Pátria e Família e o Barão de Itararé contra-atacava com o slogan: Adeus, Pátria e Família.
  • Entre polissemias. Exemplo: O que você faz aqui? Nada. Slogan de uma escola de natação.
Um trocadilho fonológico pode ser visto como rima.
Sintáticos
  • Permuta de posições. Exemplo: Homem grande versus grande homem.
  • Permuta de funções sintáticas. É a antimetábole. Exemplos: Come para viver ou vive para comer?. Ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil.
Semânticos
  • O sentido imediato pelo sentido largo. Inclui o caso da locução pela frase não entendida como locução.
  • O signo pelo significado. Exemplo: Qual o nome do produto? É Sem Nome.
  • Usar o mesmo termo duas ou mais vezes num enunciado, e em cada uso com sentido diferente. É a antanáclase. Ex.: Em vão os sonhos se vão.
  • Contextuais. São os qüiproquós.
  • O termo elíptico por outro. Exemplo: Mineira gostosa. Slogan de um restaurante de comida mineira.
  • Atribuir o mesmo determinado da atribuição anterior para a próxima atribuição. Exemplo: Dizer mais com menos. Neste trocadilho mais se refere à mensagem e menos ao discurso. O trocadilho resulta de se atribuir menos à mensagem.
Cacofonia
É o trocadilho fonológico acidental e cômico em que o enunciado elíptico implícito, inesperado pelo emissor resulta no chulo, obsceno, no grotesco, etc.
Funções do trocadilho
O efeito do trocadilho resulta da observação de duas formas semelhantes com sentidos relacionados de alguma forma. Há trocadilhos com intenção crítica, na qual se deseja transferir para um enunciado o suscitado pelo outro, geralmente da paráfrase para o parafraseado. Há ainda o caso do trocadilho em que o efeito resulta da relação que media os dois enunciados. No exemplo do trocadilho do Barão de Itararé: 'Adeus, Pátria e Família' o cômico resulta da relação de oposição extrema entre a paráfrase e o parafraseado.


[1] Dubois, J. Dicionário de Linguística, São Paulo, Editora Cultrix:1973.
[2] Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/girias/
[3] http://pt.wikipedia.org/wiki/Paranom%C3%A1sia
[4] http://www.radames.manosso.nom.br/retorica/trocadilho.htm

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