O que é Teatro?
Por Marielle Cecconello*
Teatro vem do grego, “théatron”, que significa panorama (lugar de onde se vê), ou seja, é o lugar onde as pessoas se reúnem com um objetivo em comum: assistir ao espetáculo. Nesse momento, o ator pode ser quem quiser, quando quiser, onde quiser… O público tem liberdade para analisar, criticar, se emocionar e até se pronunciar… Ocorre, então, a cumplicidade de palco e público… Tudo isso é mágico, fantástico, algo que somente o teatro pode proporcionar por completo.
Considerado por muitos como a “Arte Total”, ou seja, a arte que engloba todas as outras artes (podendo-se utilizar a música como trilha sonora, a dança como expressão corporal, as artes plásticas como cenário, etc.), o teatro nasceu por meio de manifestações/rituais aos deuses, foi se aprimorando e não tem limites para enriquecer.
Acredito haver três “porquês” para se fazer teatro: 1) terapêutico, proporcionando a quem o pratica o autoconhecimento, por meio de estudos de outrem (sobre a personagem e sobre a gênese do próprio ator); 2) Aquisição de cultura, pois, antes de fazer a montagem cênica, há um estudo, uma pesquisa sobre o autor, a época, os costumes, os objetivos e os conflitos do texto/cena e dos personagens; 3) pesquisa prática, em que ocorre a percepção do outro. Por exemplo, uma pessoa pode interpretar uma feirante e, para melhor desempenhar o papel, estuda seus costumes, seu andar, seus gestos, sua dicção, volume da voz etc. Quanto mais informações tiver sobre a feirante, melhor conseguirá interpretá-la e, certamente, melhor será recebida pelos espectadores.
O teatro é tão fantástico e tão encantador que a grande maioria deixa de tê-lo simplesmente como terapia ou aquisição de cultura e passa a tomá-lo como “profissão”. Hoje se nota uma ampla aceitação do teatro na sociedade, com visíveis benefícios em vários setores, como o da educação. Quando se estuda e se pratica essa “arte total” na escola, há uma melhora na formação do ser/indivíduo, já que se estuda o ser humano e as suas “máscaras”.
Não podemos nos esquecer de que o teatro é um jogo. Porém, não um simples jogo, mas, sim, um jogo de persuasão, um jogo de retores. Todo bom ator é um bom “manipulador” e, com toda a certeza, tem maior consciência de quando, como e por quem está sendo “manipulado”.
Hoje em dia somos vítimas de manipulações da publicidade, da política de ética duvidosa, da indústria cultural, dos líderes sociais etc. O teatro amplia o panorama e as ferramentas de quem o “joga”.
Há tantos pontos positivos para se fazer teatro, porém não se pode negar ou ocultar que há um ponto, digamos, negativo: o teatro vicia!
“Uma vez no palco, sempre no palco.”
*Professora de Teatro do Colégio São Luís
Disponível em: http://www.saoluis.org/noticias/cursos-extras/o-que-e-teatro/
As origens do Teatro
O Teatro nasceu em Atenas, associado ao culto de Dionísio, deus do vinho e das festividades. As representações teatrais tinham lugar em recintos ao ar livre, construídos para o efeito.
Os teatros gregos tinham tão boas condições que os espectadores podiam ouvir e ver, à distância, tudo o que se passava na cena, mesmo tratando-se de uma assistência muito numerosa. Isso devia-se, por um lado, ao fato de as bancadas se abrirem em leque sobre a encosta de uma colina e, por outro lado, a diversos artifícios utilizados em cena. Os atores usavam trajes de cores vivas e sapatos muito altos para ficarem com uma estatura imponente.
Cobriam o rosto com máscaras que serviam quer para ampliar o som da voz, quer para tornar mais visível à distância, a expressão do personagem. Um aspecto curioso é que, em cada peça, só existiam três atores, todos do sexo masculino. Cada um deles tinha que desempenhar vários papéis, incluindo os das personagens femininas.
A representação dos atores, que atuavam na cena, era acompanhada pelos comentários do coro, que se movimentava na orquestra, juntamente com os músicos. Havia dois gêneros de representações: a tragédia e comédia.
As tragédias eram peças ou representações que pretendiam levar os espectadores a refletirem nos valores e no sentido da existência humana. As comédias eram, por sua vez, peças de crítica social que retratavam figuras e acontecimentos da sociedade da época, ridicularizando defeitos e limitações da actuação dos homens, provocando o riso na assistência.
Como surgiu o teatro?
O teatro originou-se no momento em que um ser humano imitou outro. Na História, esse é um momento difícil de precisar. De maneira geral, o ser humano não aprende a andar, falar, comportar-se imitando outros seres? Se o teatro é a arte de imitar, podemos concluir que é praticamente impossível saber em que momento e onde ele surgiu, pois sua história se confunde com a história da humanidade.
Desde as sociedades primitivas, até mesmo pré-históricas, os homens realizavam rituais e práticas religiosas que continham elementos teatrais: representação, dança e música. Como a maioria dos povos primitivos não tinha escrita, sabemos poucos detalhes sobre essas formas embrionárias de teatro.
As informações escritas mais completas e detalhadas que chegaram até nós referem-se às encenações teatrais da Grécia antiga.
Na Grécia, as primeiras manifestações teatrais mais parecidas com o nosso teatro atual datam do século VII a.C.
O deus do vinho na mitologia grega era Dionisio (chamado de Baco pelos romanos) e os gregos organizavam rituais religiosos para honrar esse deus. Esses rituais eram comandados por um coro cujos componentes usavam máscara representando animais, declamavam, cantavam e dançavam. Ainda não havia atores, como hoje.
Com a importância desses rituais na vida dos gregos, foi criado um local especial para sua realização. Edificação em encosta escavada, coberta por fileiras de arquibancadas semicirculares voltadas para um espaço circular no qual ficava o altar e se apresentava o coro. Esse local recebeu o nome de teatro, termo que com o tempo acabou designando as representações que aí ocorriam.
Segundo a mitologia, Dionisio foi quem ensinou aos homens o cultivo da vinha. Logo depois, um bode derrubou as parreiras e foi castigado com a morte. Os homens arrancaram a pele do animal e sobre ela começaram a cantar e beber até caírem desmaiados. Os mais fortes, que conseguiram dançar e cantar até o raiar do dia, foram premiados com a carne do bode e a sua pele embebida em vinho.
Nos rituais do deus Dionisio, procurava-se reproduzir o mito. O coro, cantando em procissão, dirigia-se ao local do culto. No altar, o sacerdote preparava a cerimônia: um bode era oferecido em sacrifício. Conta-se que certa vez, no século VI a. C., um integrante do coro, de nome Téspis fortemente imbuído do espírito do ritual, saiu do coro e afirmou ser Dionisio. Estava criada a função de ator.
Drama
Nessa época, surge o texto dramático, isto é, o texto criado para teatro (a palavra drama, em grego, significa ação).
Tragédias
Inicialmente, surgem as tragédias (a palavra tragédia, em grego, relaciona-se a bode, animal sacrificado no ritual). No primeiro cortejo em homenagem a Dionisio, eram entoados cantos com partes alegres e tristes, que narravam os aspectos mais felizes e os mais dolorosos de sua vida. Com o tempo, esse canto originou a tragédia.
Comédias
Quase um século depois, são criadas as comédias (o termo surge da fusão entre as palavras comos, que significa desfile, cortejo, e odè, que significa canto). Durante as festas de Dionisio, eram realizados desfiles ao som de hinos. Aos hinos, acrescentavam-se zombarias dirigidas aos espectadores. Assim, esse elemento do ritual deu origem à representação alegre e zombeteira que caracteriza a comédia.
Nas tragédias e comédias gregas havia o coro e os atores. O coro representava a sociedade e dialogava com os atores. Os atores, sempre homens, usavam máscaras de rostos humanos e rico figurino. A máscara era conhecida pelo nome de persona (em latim, sona deriva do verbo soar e per significa através de; persona é a voz que soa através da máscara).
Com o tempo, as máscaras se tornaram o símbolo das representações teatrais: a máscara triste representa a tragédia. Observe os cartazes de peças teatrais, seções sobre teatro em jornais e revistas: freqüentemente aí aparecem essas máscaras, para que haja associação imediata entre o conteúdo da informação e o teatro.
O primeiro grande escritor de tragédias de quem se conservam textos é Ésquilo (525 a. C. – 456 a. C.), autor de Prometeu Acorrentado, entre outras peças. Dois outros principais dramaturgos da época são Sófocles (496 a.C. – 406 a. C.), que escreveu Édipo Rei entre outras obras primas e Eurípides (484 a.C. – 406 a.C.), autor de Medéia e Electra entre outros. Essas antigas tragédias gregas, encenadas até hoje, foram a base do teatro ocidental. Eram produções que se assemelhavam mais a uma ópera do que a um drama dos tempos atuais.
As mais antigas comédias que nos sobraram são de Aristófanes (445 a.C. – 386 a.C.). Um pouco depois surge a comédia de costumes, criada a partir de fatos do cotidiano. O principal autor desse gênero é Menandro (342 a.C. – 292 a.C.).
(Fonte: Portal Objetivo)
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